quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Os sete pecados - 1



Cresci a ouvir a avó dizer que a inveja é o pior dos pecados. Religiosismos à parte, a inveja é um sentimento muito feio, sem dúvida nenhuma, mas nem sempre.

Já todos nós sentimos inveja, não aquela inveja doentia que não nos deixa dormir à noite ou leva os protagonistas de telenovela a matar o/a rival. Falo de uma inveja mais soft, penso que intrínseca ao ser humano, insatisfeito por natureza, e essa, essa já todos sentimos.

Quem tem caracóis rebeldes, olha de lado para as amigas que têm o cabelo liso, sedoso e alinhado; quem têm cabelo liso, olha de soslaio para mulheres com caracóis, tão bonitos e definidos. As loiras invejam as morenas e estas, por sua vez, invejam as loiras. As casadas têm inveja das amigas solteiras que saem com quem e quando lhes dá na real gana, têm inveja da liberdade e da disponibilidade, das saídas até às tantas da manhã e das ressacas. As solteiras, por sua vez, sentem inveja das casadas, que chegam a casa e têm alguém à espera delas todos os dias, que nunca dormem sozinhas, que acordam com um sorriso de 3 anos às 7 da manhã de Domingo. Os homens comprometidos roem-se de inveja quando ouvem os solteiros gabarem-se das suas conquistas e aventuras sexuais, e estes pensam em como seria bom ter uma namorada a quem pudessem dormir abraçados quando saem sozinhos de um bar.

Achamos sempre que o que os outros têm é que é bom. Que os outros é que têm sorte, que os outros é que são amados, que os outros é que têm grandes oportunidades e que os outros, é pá, os outros é que são felizes. Só quando perdemos alguma coisa ou alguém é que vemos que afinal os outros tinham motivos para terem inveja de nós.

O ser humano é mesmo um bicho esquisito...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Efeito Mãe



Gostava de saber por que raio aos 26 anos continuo a precisar dos conselhos na minha mãe para saber que roupa vou usar num daqueles dias em que é suposto estarmos mais arranjadinhas... É que nunca corre muito bem...

Eu (convicta de que descobri o modelito perfeito): - Mãe, e que tal esta roupa pra levar ao casamento da Rosa?

Mãe: (após alguns segundos de silêncio, franze o sobrolho)

Eu (já a temer o pior): Fica bem, não fica?

Mãe: - Não. É feio. Não tem nada a ver. O casaco é bonito, mas não fica bem com esse vestido.


Poooois... E eu fico na merda, porque afinal vou ter de gastar rios de dinheiro em mais um casaco que nunca mais volto a vestir!
Mas sim, quando houver mais uma ocasião especial, volto a pedir opinião à mamã...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Parece que é bruxa!



Acabou de sair daqui uma perfeita desconhecida com quem troquei algumas palavras sobre vestidos de noiva e lua de mel. Isto depois de me perguntar se me ia casar, ao ver o meu anel (obrigada, amor!). Antes de fechar a porta, sorriu um: "Espero que você seja muito feliz, tenho a certeza que encontrou a pessoa ideal".


Pooooois! Fiquei contentinha, fiquei! Com um daqueles sorrisos idiotas estampados na cara. Não é nada que eu não saiba já, mas é bom quando até os desconhecidos sabem :)

The boogie man...


Mais uma ida ao dentista... Como eu odeio ir ao dentista! Desde que ponho o pé na sala de espera, começa o meu suplício... Eu bem tento deixar-me absorver pela primeira revista cor-de-rosa que apanho... "Luciana Abreu apaixonada" e o barulho ensurdecedor da broca... "afinal o petiz não é filho do Toy" e sinto na boca as partículas de esmalte que se soltam quando o dentista usa a maldita broca... "Isabel Figueiras encantou" e tocou na gengiva... Quando chega a minha vez, já nem sei muito bem se afinal é só um check up ou se já não durmo há uma semana com dor de dentes...


Se conhecerem algum consultório cujas paredes estejam munidas de fortíssimo isolamento sonoro, por favor, avisem.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Because I said so!

Porque vês para lá do que eu te mostro,
Porque eras meu mesmo antes de saberes disso,
Porque me consigo aninhar milimetricamente em ti,
Porque me fazes chá quando eu estou doente,
Porque me acalmas quando eu estou prestes a explodir,
Porque sorris e me deixas as pernas a tremer,
Porque vês para lá de todos,
Porque me fazes rir como uma miúda,
Porque te ris comigo como se não houvesse amanhã,
Porque me dás a mão e voas comigo,
Porque me aceitas como sou,
Porque tens vergonha de dizer coisas,
Porque dizes coisas que nunca sonhei ouvir,
Porque sabes sempre o que dizer,
Porque me fazes arroz branco e batatas fritas,
Porque achas piada a quase todas a minhas piadas,
Porque me compras chocolates,
Porque me dizes "amo-te" como se fosse a primeira vez,
Porque "Vem devagarinho, amor",
Porque sim!

Em ponto de ebulição - take two



Volta e meia já reclamo. Reclamo da chuva, do frio, reclamo da vizinha que aspira a casa às 07:30, do trânsito, reclamo quando não tenho chocolates em casa e quando tenho de acordar cedo. Mas reclamo sem chegar a ser chata (penso eu de que...). Reclamo porque disparatar e ridicularizar a situação é uma forma de levar as coisas na boa. Na verdade adoro a vida e considero-me uma pessoa feliz, muito feliz até (pelo menos na maior parte dos dias...).


Irrita-me solenemente ter de aturar pessoas insatisfeitas por natureza que reclamam por tudo e por nada, como se fossem miúdas de quatorze anos com a mania que estão gordas... Causa-me urticaria ter de as ouvir diariamente desfiar o rosário de lamurias e queixumes... Se está frio, é porque está frio, se faz sol, é porque a chuva é que é boa... Se temos trabalhos para fazer, é porque temos trabalhos para fazer, se vamos ver um filme, é pá... bom, bom era trabalhar... Haja paciência!