sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Do calvário da depilação


Tal como as idas ao dentista, as idas ao centro de estética são igualmente pesarosas para mim. Apesar da diferença significativa do nível de dor sentida, não gosto! É que não gosto mesmo nada! Por isso, para não desatar aos berros e fazer figura de ursa, procuro distrair-me com a conversa das senhoras que pacientemente (outras nem por isso) procuram livrar-nos da tão indesejável penugem.

As mais velhas metem sempre conversa. Falam do tempo, que nunca mais vem o calor, falam dos filhos, falam do que lêem nas revistas cor-de-rosa (às vezes falam de pessoas de quem eu nunca ouvi falar) e falam da mulher do Tó Freitas, que deixou o marido e fugiu com o fulano tal que mora ao pé da mercearia da Alice.

As mais novas são mais caladas. Estão ali para trabalhar e procuram fazer exactamente tudo igual ao que aprenderam na formação de não sei quantas horas que frequentaram antes de iniciar funções. E muito provavelmente não conhecem o Tó Freitas.

Algumas simplesmente não falam.

Nestas alturas, a única solução para não pensar no que aí vem, passa por ficar a par dos vários tipos de depilação e tratamentos corporais que publicitam, com nomes muito originais e bastante elucidativos. Ele é fotodepilação, massagem modeladora, dermodepilação, drenagem linfática, depilação com linha, banho de uva, banho de leite (e outras variações, para todos os gostos), electrólise, epilação, electroporação transdérmica e por aí fora! Há nomes bastantes sugestivos e dou por mim a imaginar como será experimentar chocoterapia, por exemplo. Será algo apetecível com chocolates à mistura ou com choques? E a terapia da rosa? Haverá uma funcionária chamada Rosa que criou um método original de terapia? Se alguma tivesse uma pós-graduação em ginecologia, podiam até publicitar um serviço 2 em 1 e ficava o assunto arrumado.

À falta de prospectos, dou por mim a pensar se a senhora que acabou de me arrancar metade da sobrancelha fará a depilação a ela própria ou se solicitará os serviços de uma colega. E porque não pedir-lhes um conselho e perguntar se recomendam alguém? Elas melhor que ninguém poderão pronunciar-se acerca do assunto.

Aliás, para mim há três categorias de funcionárias de centros de estéticas:

- as-que-arrancam-pêlos-como-se-não-houvesse-amanhã-e-estivessem-muito-aflitas-para-ir-à-casa-de-banho;

- as-que-se-estão-bem-a-borrifar-para-o-que-a-cliente-está-a-sentir-e-quer;

- as-que-são-cuidadosas-porque-já-foram-depiladas-por-uma-tresloucada-e-ficaram-traumatizadas.

Também perco bastante tempo a analisar as condições de higiene e salubridade das instalações. Às vezes fico indecisa entre aquela que tem a senhora simpática que quase não me magoa ou aquela que tem uma decoração fantástica e uma marquesa muito confortável.

Lamúrias à parte, quando saio de lá, parece que tenho menos um quilo e só volto a falar mal da senhora de bata cor-de-rosa imediatamente antes da visita seguinte.

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