quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Em ponto de ebulição IV



Há dias (provavelmente no ano passado) recebi em casa um postal de boas festas da Porto Editora que me deixou emocionada.

"Obrigado pela sua paixão, pela sua dedicação e pela sua coragem. Obrigado por nos mostrar o mundo. Por nos abrir os olhos. Por nos fazer pensar, imaginar e sonhar. Obrigado por cada aula. Pelas letras e pelos números. Pelos pensadores, construtores e pelos inventores. Obrigado por nos mostrar o caminho e por caminhar ao nosso lado. Obrigado por ensinar as nossas crianças. Por abrir horizontes a Portugal."

Por estranho que pareça, é muitas vezes sem contar que nos apercebemos do orgulho que sentimos na profissão que escolhemos para nós. É nestas alturas, em pequenos momentos como este, que sentimos que todo o esforço valeu a pena e que nada foi em vão.

Reli o postal e todas as linhas me pareceram perfeitas. Quer enquanto ex-aluna, quer enquanto professora.

Enquanto aluna, também eu tenho de agradecer a alguns professores que marcaram a minha vida, de forma bastante positiva. Porque eram pessoas especiais. Porque eram professores especiais. Alguns, as duas coisas.

Enquanto professora, apesar de ainda não ter chegado aos 30, noto uma diferença abismal entre os alunos "do meu tempo" e os alunos de agora. Há dias em que, apesar de toda a paixão e cuidado com que preparo cada aula, de regresso a casa sinto-me desiludida e derrotada. Vulgarmente culpam-se os colegas mais velhos, os colegas anteriores, que não faziam não sei o quê e agiam de determinada forma e graças a eles os professores caíram no descrédito.

Eu sinto-me tentada a culpar os alunos. Alguns. Que têm o poder de nos desmotivar e até de nos fazer desistir deles.

De facto, para ensinar, é preciso "paixão", "dedicação" e "coragem". Muita coragem.

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